Marco Bechis diz que Lula não tem culpa pela situação dos índios
UOL Cinema - 1 setembro
da Ansa
VENEZA, 1 SET - Marco Bechis, diretor do filme “Birdwatchers - La terra degli uomini rossi”, produção ítalo-brasileira que retrata a violenta disputa por terras entre índios e fazendeiros no Mato Grosso do Sul, afirmou hoje que o presidente Lula não é culpado por esta situação.
“Lula é um homem capaz de ótimas intenções, mas com relação aos índios se encontra diante da forte estrutura econômica dos fazendeiros e seguramente tem dificuldades para levar adiante suas idéias. Idéias importantes e elementares para ele, que freqüentemente é obrigado a abandoná-las”, declarou o diretor, analisando o conflito que seu filme denuncia.
“No meu filme procurei apenas estar no meio, evitando levar o espectador a um lado ou ao outro. Era o melhor modo para contar esta situação tão complicada e fazer o espectador entender as razões de um lado e do outro”, continuou Bechis.
Já o ator italiano Cláudio Santamaria, que faz parte do elenco, mostrou-se mais crítico ao comentar o problema dos índios e do desmatamento.
“Vi as reservas onde vivem os índios, são uma versão piorada das nossas periferias. Casas com ruas cheias de lama e que contêm, ao invés de 2 mil pessoas, 6 mil pessoas. Quando você conhece situações do gênero você fica chocado e parece que você voltou para a Idade Média. Foi então que descobri que fazer este trabalho de ator, que sempre considerei inútil, pode se tornar importante e útil”, declarou Santamaria.
“Birdwatchers”, que conta com a participação do ator Matheus Nachtergaele e de mais de 200 índios brasileiros, foi apresentado nesta segunda-feira no Festival de Cinema de Veneza.
O filme narra o embate violento entre os fazendeiros e os índios, que reclamam suas terras. Os primeiros possuem campos produção transgênica e passam as noites na companhia dos turistas que vão à região para observar os pássaros. Enquanto isso, nos limites de suas propriedades, os índios vivem todos os problemas de uma integração aparentemente impossível.
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